quinta-feira, 30 de agosto de 2012

AS SERVIÇAIS

Ontem fui ver um dos melhores filmes dos últimos tempos, deixei-o escapar enquanto esteve em exibição nos cinemas mas graças à mostra que o King faz nesta época, temos uma 2ª oportunidade para ver alguns desses movies em tela king size (eu continuo a preferir cinema nas salas destinadas a esse fim). E consegui arrancar o papi de casa que disse que valeu muito a pena (só falta arranjar o dvd porque a minha mãe sei que não pode perder um filme deste calibre).



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

NO CANTINHO DAS MEMÓRIAS

Cumpre-se o desejo numa estrela cadente, sempre que olho o céu lá estão elas a sorrir-me ou antes, a chorar de alegria quando vejo os riscos de luz intensa. Acontece sempre quando o céu está escuro como breu, no meio do campo quando há quase ausência de luz artificial… a Natureza tem destas coisas: cumpre-se o desejo numa estrela cadente! Uma coisa leva a outra, como se o Universo em peso quisesse impor a sua presença.

Ao seguir pelo atalho que leva ao anexo, ouço o piar da coruja o sótão sempre fechado pois era lá que faziam o ninho e alimentavam as crias. Demos por isso pelas penas suaves que encontramos no chão. Outros animais deambulavam pelos carreiros aromatizados sons em harmonia pelo rosmaninho.

Na época das papoilas e dos malmequeres, deixávamos de ver o Musta, o cão, que desaparecia horas a fio atrás dos gafanhotos e das cigarras. Ao longe o apito do comboio punha-nos alerta já que a passagem de nível cama-de-rede dos embalos de fim-de-tarde se mantinha sem guarda. Quando íamos à cidade alguém saía do carro e punha-se à escuta, nunca o PARE ESCUTE E OLHE me fez tanto sentido. Era mesmo perigoso não o fazer.

As tardes eram passadas no terraço de ladrilho artesanal e a hora do lanche sagrada: os scones da avó, os melhores do mundo, as compotas, os figos secos e as amêndoas sempre presentes na mesa do chá. E quando havia visitas, os elogios vinham de todas as bocas caminho de desejo e segredo todos tinham os seus e por vezes as conversas transformavam-se em serões de suspense não havia lua se estava estrelado entre os jogos da adolescência e os de cartas, preferia os primeiros porque descobria segredos que pautas de palpitação se precipitavam quando o Daniel pegava na guitarra, começávamos todos a cantar os “hits” que estavam na berra “Wake me up…”, gritava a plenos pulmões. “Simple the best…” começava a Isabel logo de seguida  - e pela noite fora todo um cancioneiro pop-rock era entoado. Também gostávamos de encenar pequenas peças para mostrar aos mais velhos, penso que foi desse tempo que me ficou o gosto pela arte de representar. Considerava muito possível vir a actuar num grande musical onde canto, dança e representação me elevassem a um estado de espírito constantemente inspirado alfarrobeira dos galhos de aventuras e cumpre-se o desejo numa estrela cadente.

Torno a olhar o céu e lá está ele, tal como nas noites da minha infância, escuro, negro e estrelado. E mais uma estrela cadente, mais um desejo pedido. Até hoje, ainda não se realizou o que mais frequentemente pedia: ir à lua num foguetão, dar a volta ao mundo num veleiro ou ter um tapete voador o escuro da cave velha sem ao olhar o céu identificava uma constelação outro desejo era ter uma ardósia onde escrevia tudo o que desejava ter e como que por magia tudo isso ficava ao meu alcance. Cheguei pensar que podia ser verdade quando ao acordar, por vezes, lá tinha um ou outro brinquedo e lá ia para junto da grande árvore onde construíamos a cabanas. Por entre as duas maiores árvores ficava o nosso caminho de desejo e segredo e o sótão sempre fechadoEra o medo do que ficava por contar e do que não queríamos que ninguém soubesse.



Este é o resultado de mais um exercício de EC, o texto que mais gostei de escrever pelo "aparente" non-sense mas que para mim fez todo o sentido. As pistas:

TEXTO COM INTERRUPÇÕES
Descrever a experiência de/ com:

A - Casa de infância
B - Desejo
C - Música
D - Medo
E - Céu

Estas palavras foram sugeridas, depois tinha de escrever algumas frases que me remetessem para estes 5 substantivos.

A1 - cama-de-rede dos embalos de fim-de-tarde
A2 - alfarrobeira dos galhos de aventuras

B1 - caminho de desejo e segredo
B2 - cumpre-se o desejo numa estrela cadente

C1 - sons em harmonia
C2 - pautas de palpitação

D1 - o sotão sempre fechado
D2 - o escuro da cave velha

E1 - ao olhar o céu, identificava uma constelação
E2 - não havia lua se estava estrelado
Next step: começar a escrever, de vez em quando o formador dizia uma letra e nº e tinha de colocar a frase correspondente no textoexactamente como a escrevei de início, naquele sítio da paragem, acrescentando a palavra "sem" ou "e" em alguns momentos para as unir e depois seguir em frente.

O mais curioso foi ter descoberto que, muitas vezes, as interrupções sugerem-nos outros caminhos criativos. 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

INTERTEXTO


E vem-me à memória uma frase batida:
Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.

Que fazes tu por essas ruas, que inspiração procuras? Nada do que ficou para trás te interessa, não queres guardar todas as pedras para um dia construíres um castelo? Não te parece que o caminho é feito de ontem, de hoje e de amanhã? Se partes do zero que direcção vais tomar? Vagueias sem saber respostas mas sem questionar as perguntas que te levariam a elas… se respirares fundo garanto-te que vais conseguir olhar em vez de ver, que as cores deste Outono quente vão permanecer por muito mais tempo no horizonte… não insistas, que hoje é o primeiro dia do resto da tua vida… todos os dias recomeças a partir da página em branco mas as memórias são as peças do puzzle que vais completando enquanto avanças. O tempo é um aliado feroz, os ponteiros… os remos desta barcaça que conduzes e te levará a bom porto. Aceito: este é o primeiro dia do resto da tua vida!

 foto: DR

 Fontes: Sérgio Godinho (Poema: O Primeiro dia); Fernando Pessoa (Pedras no caminho); Sophia de Mello Breyner Adresen (Poema “Os erros” in “O Nome das Coisas”).

Construir um intertexto (5 mtos)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

RAQUETE, BOLAS, PAREDE... ACÇÃO!

É hoje...


que vou reinaugurar 

a minha época de ouro no desporto

(verdade seja dita que o aspecto das minhas bolas é mesmo este, já lá vai 

o tempo em que elas eram novinhas em folha, o que não quer dizer que não

 recupere rapidamente a forma. Só tenho é de dar continuidade ao que me proponho fazer!)

DESCRIÇÃO: OBJECTOS E PROPRIETÁRIO


Estes foram mais 2 exercícios de EC que achei particularmente divertidos. É que em tão pouco tempo, conseguir escrever 2 linhas que fossem com jeito, já seria difícil. Escrever textos, ainda que pequenos, com lógica e alguma graça, foi mesmo uma surpresa para mim mesma.

Descrições indirectas

“hic…hic!” Se passarem à minha beira e me virem ligeiramente etilizado, não estranhem. É que estou de papo cheio e hoje já me condimentaram com uma série de ingredientes despejados num papel amarelecido pelas mãos rugosas de uma sra. de idade avançada. Também sei qual será o meu destino: inalar e absorver os odores que vêm da cozinha e fazem crescer água na boca a qualquer “bom garfo”.
(coq-au-vin)

Estamos perdidas entre as fissuras do soalho lá de casa. É que ontem caímos no abismo ao cortarem-nos o fio. Somos redondas e multicolores e ansiamos em breve voltar a juntar-nos às nossas irmãs africanas para de novo sentirmos o cheirinho da colónia no pescoço da Milu.
(contas de missangas de um colar artesanal)

Seguimos sempre em fila, uns atrás dos outros, tal como na tropa, linha após linha. Tudo em sentido no bloco de notas que está sempre no avental da criada: não pode faltar nada, a cabeça já não é o que era e a despensa tem de ser reabastecida. Quando regressarmos do mercado, cada prateleira exibirá os produtos que orgulhosamente saltaram do papel para a banca de pedra, da banca para o cesto de vime, do cesto para os devidos lugares, sempre secos e frescos, como recomendam os rótulos. Depois das  tarefas realizadas, o destino é o papelão: tratar e cuidar do meio ambiente é uma obrigação de todos.
(lista de compras)



Descrição do proprietário dos objectos

A primeira receita que o José aprendeu foi “Coq au Vin” que vira preparar pelas mãos da sua tia-avó Bénédite, nascida e criada em França, que os visitava todos os anos. Poder-se-á pensar que não é receita fácil para quem se está a iniciar nas lides da culinária mas a arte de bem cozinhar estava-lhe na massa do sangue. E por isso mesmo, após várias confecções do dito prato, terá sido essa mesma receita que se atreveu a levar a concurso, um desses que põem à prova o talento culinário de amadores mas onde, por vezes, são descobertos promissores grandes chef’s.

Ao apresentar-se diante do grande júri, quis demonstrar um toque de irreverência. Na cabeça um lenço vermelho de cornucópias, no peito um avental exuberante com estampados de produtos seleccionados da sua região, e sobre a bancada uma panóplia de tachos e talheres rigorosamente esculpidos em madeira africana (pois a ASAE é instituição que não o intimida). Para dar um tom mais alegre e apesar de ter tudo impecavelmente limpo e arrumado, por entre as tigelas, os molhos de ervas frescas, os caldos de galinha, as taças de vinho e brandy, espalhou as contas de missangas de todas as cores, de um terço que lhe ofereceram e se partiu mas que tem por hábito trazer sempre consigo para dar sorte.

A lista de compras foi imprescindível para não se esquecer de todos os ingredientes indispensáveis a um prato que deixaria os jurados convictos que mesmo que não chegasse ao fim do desafio, seria o primeiro que gostariam de convidar para fazer parte da sua equipa nos restaurantes que chefiam. Sempre foi pessoa determinada, não tinha dúvidas de que sairia vitorioso!

O tempo começou a contar no relógio do estúdio e o José, apesar de aparentemente calmo e controlado, ao correr para a despensa onde se encontravam os ingredientes tropeça no pé da mesa e estatela-se ao comprido no chão. Ui, que bela maneira de começar a prova. E com isto menos 2 minutos que podiam ser preciosos para encontrar o essencial entre dezenas de frescos, pastas, condimentos, apetrechos… Como não hesitou e tinha tudo apontado, num ápice estava de volta à bancada e a iniciar o manjar.

60 mtos depois tinha terminado o prato, tudo limpo e arrumado deixando todos de boca aberta pela eficiência e organização demonstrada. Resultado: desafio superado e nota máxima dada por todos os jurados.

Um chef com futuro?!? Sem sombra de dúvida!

Escrever um txt que inclua os objectos descritos indirectamente e descrever o seu proprietário. 5 mtos

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

SEGUIR CAMINHO


Malta - Março 2007


quando se fecha uma porta...




abre-se uma janela!