terça-feira, 31 de julho de 2012

HAVAIANAS




50 ANOS DE HAVAIANAS
O MELHOR CALÇADO DO MUNDO 
(tinha de vir do "meu" Brasil :)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

SENTE-SE... MESMO O QUE NÃO SE VÊ



o 2º exercício de EC:

Ai, o que eu adoro festas, em especial se for um casório. Mas o casamento dos meus primos António e Violeta foi diferente da maioria.



Estava uma tarde calma e solarenga e a brisa trazia-nos o cheiro quente do campo lavrado. Ao chegar à igreja ouvi o sino tocar anunciando o início da boda. Entrei e apercebi-me que os convidados estavam num frenesim… um sussurro constante anunciava que alguém se atrasara, desta vez teria sido… O PADRE?!?. Ouvi alguém segredar que se teria deslocado a outra paróquia por causa de uma emergência mas pelos vistos ninguém avisou o sacristão para não dar uso ao badalo (salvo seja) suspenso na torre, à hora marcada.

Nada de mais, passados uns minutos apareceu e antes de prosseguir desfez-se em mil desculpas dando, de imediato, seguimento à cerimónia e, em menos de nada, já os noivos estavam no átrio com uma chuva de pétalas e grãos de arroz a pontuar o espaço entre o ladrilho irregular e as figurinhas esguias suspensas no pórtico de pedra talhado pois alguém um dia se lembrou que os santinhos também gostam de testemunhar estes delírios terrenos. O agradável odor que estava no ar e a temperatura que se sentia nos ombros, remetia-nos para uma Primavera em flor, como que a apaziguar a inquietude dos recém-casados.



Um ronco de motor de um carro antigo revelou o transporte que os iria levar a caminho da lua-de-mel. Ao mesmo tempo ouviam-se foguetes ao longe de tal maneira que a passarada levantou vôo, pelo bater das asas, apressada.

Ao passarem no corredor ladeado pelas roseiras bravas, o vestido da noiva fica preso nos espinhos, “será que largar pedaços de tecido também dá sorte?!?”, disse ela em tom divertido. Agarro no pequeno retalho deixado para trás e entre as mãos reconheço as rendas antigas da avó guardadas no baú do sótão que adorávamos explorar: a textura pontiaguda da pintura das paredes, das telas adornadas com fiadas de teias de aranha nos cantos, as arcas de madeira com cheiro a óleo de cedro, os tapetes persa muito macios com as franjas que teimavam estar sempre em desalinho mas que eu insistia em pentear… o ladrar do Tobias ao longe, nas plantações, provavelmente atrás das fugidias toupeiras.

Ainda hoje, confundo os sons e os cheiros com as imagens que imagino e se sucedem nos meus pensamentos.


Escrever txt sobre uma festa de casamento sem recurso à visão

5 minutos

quinta-feira, 26 de julho de 2012

quarta-feira, 25 de julho de 2012

PEDIDO DE CASAMENTO

cá vai, o 1º exercício de EC:


A Luísa tinha decorado a casa com um cuidado especial, afinal não é todos os dias que se prepara um jantar para receber a futura nora, querendo principalmente impressionar o pai dela… Flores nas jarras, uma mesa irrepreensivelmente posta, o melhor faqueiro e serviço de louça que só saem em ocasiões especiais, até foi comprar uma moldura nova para a fotografia que denunciou o primeiro mês de namoro dos dois, numa posição de destaque na mesinha de jogo da sala de estar.

Entretanto, perdida nos seus pensamentos: “vai ser um dia perfeito! A minha futura nora merece ser surpreendida e o meu filho ter um dia que seja o ponto de partida para um futuro risonho. Desde o primeiro momento que conheci a Sofia que me apercebi o que mais fascinou o meu Manel: a sua simplicidade e boa-disposição tal e qual o pai dela... hihihi Ter criado um filho quase sempre sozinha, despertou em mim os sentidos; sou uma pessoa muita atenta e normalmente não me engano no juízo que faço de alguém assim que o conheço. O Pedro, o pai da futura mulher do meu filho, fez-me voltar a ver o mundo com outros olhos e a ter esperança.”

“Trimmmm”, ora aí estão eles!
- Manel, podes abrir?
 - Sim, mãe!
 - Olá, como estão?!? Entrem e estejam à vontade. O jantar vai ser servido daqui a nada mas ainda há tempo para um aperitivo.

O meu Manel de tão ansioso que estava, antecipou-se e disse: já que todos adivinham o motivo deste encontro, não me quero demorar mais e peço ao Pedro a mão da sua filha... não, não é precipitação mas os jantares pesados aqui da mãe Luísa não se coadunam com estados tardios de ansiedade por isso... já está! Sofia, queres casar comigo? 


{Porta aliança da Love and Whiskers}

E a Sofia respondeu-lhe: Claro que sim. Esperei tanto por este dia...

Foi a minha vez de ser surpreendida quando o Pedro ripostou: eu concedo a mão da minha filha com uma condição – se dermos o mesmo passo! Já nos conhecemos há algum tempo, partilhamos tantas ideias, temos gostos em comum, não podemos deixar a vida passar-nos ao lado, não achas?

Vocês não acreditam no que me aconteceu, caí redonda no chão de tanta emoção, apesar de já suspeitar que ia tramar alguma quando me piscou o olho ao entrar em minha casa.



Jantar + pedido de casamento + casa dos pais + narradora: mãe (uma das…)
tempo: 7 minutos

terça-feira, 24 de julho de 2012

PELAS SENDAS DA EC

Em 2011 fiz 2 cursos de escrita criativa, se calhar um tinha chegado mas a questão é que tinha encasquetado que haveria de frequentar um certo e determinado curso de uma certa agência criativa multifacetada com nome na praça e nesse ano, a dita nunca mais abria inscrições para o tal. Assim, lá pesquisei a ver outras possibilidades quando uma amiga me falou na Cia do Eu e assim como assim, com companhia seria mais fácil arrancar do escritório no fim de um longo dia de trabalho para ir dar largas à imaginação e experimentar pôr palavras à solta, tal qual cavalos num prado verde.


Começamos a frequentar as aulas e rapidamente me confrontei com o que nos acontece a todos ao longo da vida escolar: há sempre alguém que faz isto melhor que nós, possa! E o mal foi a prof de Português no 10º ou no 11º ano me ter dito que o meu livro de poesia era um misto de Fernando Pessoa, Florbela Espanca e Luís de Camões... pois, se calhar porque eram as referências que tinha na altura, não?!? O ego foi lá para os píncaros mas à medida que os anos foram passando e as tentativas sucessivas de concorrer a concursos (passo a redundância) do género literário em questão terem resultado ingloriosas, fui percebendo que talvez fosse melhor experimentar outro estilo. 


Desistir não, nada disso. Se sabia escrever qualquer coisa de jeito com 15 anos, não haveria de me ter passado o dom, só é preciso é trabalhar e perceber qual o melhor caminho a seguir. Gostei muito do desafio, dos exercícios propostos, o tempo limite para elaborar os textos é que complicou o desempenho: 5 minutos, a maior parte das vezes... pouco, sobretudo porque o meu cérebro funciona ao "relenti" depois de horas de trabalho a fio. Mas estou agora a melhorar todos esses textos com as dicas e sugestões que o formador PSL nos deu e penso que afinal alguns não são assim tão maus.


Quanto ao 2º curso, o tal que era imprescindível ter no currículo, acabei por não resistir e também o frequentei, ainda nem tinha acabado o primeiro. Sábado de manhã, estou fresca que nem uma alface, vou aproveitar muito melhor (isto se for capaz de não ir dançar à 6ª à noite, outro feito difícil de contornar), pensei. Afinal é só por um curto período de tempo e é tudo investimento. Ok, foi bastante diferente do primeiro, técnicas, temáticas, estilos, trabalho em grupo a estimular a troca de ideias criativas que era sobretudo o que  me interessava explorar (apesar da turma não ter ajudado muito), acabei com a sensação de que tinha valido a pena a dobradinha de EC.


E pronto, tudo isto para justificar os textos que irei publicar por aqui, de vez em quando. E valem, pelo menos, pela coragem (como diz um outro amigo, é preciso é ir em frente e arriscar). Ok, EU VOU.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

TAJABONE

Às vezes as coisas passam por nós e na altura nem damos por elas, foi o que me aconteceu, pelos vistos, quando vi o filme "Tudo por mi madre" do Almodôvar (sou espectadora assídua deste realizador, um dos meus preferidos) e não me lembro de ter dado por este tema lindíssimo do senagalês Ismael Lo que hoje já ouvi vezes sem conta ao saber que o meu artista vai participar num espectáculo de homenagem a outra grande cantora, Cesária Évora, num encontro de culturas que só pode ser colossal, dado os intervenientes envolvidos.

Aqui fica Tajabone, de arrepiar... 




as fotos e a montagem deste vídeo bem como o som da harmónica também ajudam...











segunda-feira, 9 de julho de 2012

DE MÃOS PELA MINHA MÃO

... e de mãos na mão, e dedos erguidos,
cá vamos indo, pacientemente 
ou por vezes com a impaciência 
de quem tem pressa na chegada... 



As Mãos do Fisioterapeuta
Ronaldo Cunha Lima

Mãos que entendem e se estendem nos labores,
Silenciosas mãos de mil cansaços,
Que em contatos contidos, feito abraços,
Se enlaçam em lenitivo a tantas dores.
Mãos que acalmam, diante dos temores,
Calando o medo dos primeiros passos,
Correndo, prescientes, pernas, braços,
Que anseiam lassos pelos seus favores.
São mãos que aos céus ascendem nos desvelos,
As mãos profissionais cheias de zelos
Que animam o amanhã nos dias seus.
Mãos mágicas, que à luz de um hermeneuta,
Refletem as mãos do fisioterapeuta,
Firmes na fé que vem das mãos de Deus.

terça-feira, 3 de julho de 2012

PIETÁ




No dia em que eu partir
Alguém me há-de levar
À margem desse leito
Por onde corre o azul do céu

Eu sei que vou sorrir
No teu colo e descansar
Só de ouvir o teu peito
A bater em vez do meu

Por isso, meu amor, não tenhas medo
É cedo para deixar quem me escolheu

O amor que me partiu
Nunca partiu de vez
Às vezes bate à porta
Pede licença para entrar

Conta-me o que pediu
A falta que alguém lhe fez
Mas isso já pouco importa
Se nos vamos encontrar

Por isso, meu amor, nada acabou
Eu vou mas ainda guardo o teu lugar

Quando eu voltar um dia
Alguém me há-de dizer
Que eu nunca parti
Porque a saudade não deixou

Então sei que vivia
Para um dia conhecer
Um lugar dentro de ti
Onde posso ser quem sou

Por isso, meu amor, não vás embora
A hora é de me dar a quem me dou

João Monge